Depois de estudar muita estatística cheguei a uma conclusão: planejamento é muito mais arte do que ciência. Você pode aprender os mais sofisticados métodos de previsão, saber calcular o desvio-padrão de uma estimativa e usar as ferramentas mais sofisticadas e mesmo assim errar. Por quê?
Em geral porque você partiu de premissas erradas. Você espera que determinado fornecedor entregue uma tarefa com 95% de certeza, mas por algum motivo ele falha em 30% das vezes. Sua margem de erro que era de 5% estourou e você deve acomodar uma quantidade de atrasos muito maior do que o previsto. Isto irá provavelmente atrasar o projeto e impactar os custos.
Vivemos num mundo cada vez mais complexo em que os eventos podem ser influenciados por acontecimentos de diferentes e imprevisíveis formas por se tratarem de fenômenos não-lineares: um atraso de um fornecedor numa tarefa crítica pode levar a atrasos bem superiores a um dia se vários processos forem impactados por este atraso.
Um gestor de projeto pode se informar sobre os fornecedores e se prevenir com alternativas, tais como contratar duas empresas e dividir o trabalho entre elas, assim uma serve como redundância para a outra.
Um bom gestor de projeto deve poder se recuperar de uma estimativa ruim o mais breve possível. Prepare-se para rever suas estimativas sempre que houver novas informações sobre as verdadeiras condições no seu projeto.
Em minha carreira, encontrei muitas vezes gestores que se recusaram a rever o plano para não assumir um erro de estimação. Com isso eles colocavam o projeto todo em risco e forçaram as equipes a acelerar o passo para compensar o atraso.
Eventualmente isso pode até se justificar, mas com a repetição constante desta prática a consequência natural é que as pessoas peçam para sair daquela equipe ou mesmo se demitir da empresa. Esse erro pode ser evitado e um verdadeiro líder não terá problemas em reconhecer o erro (que pode nem ter sido seu) para rapidamente trabalhar na sua correção.
Esconder um erro pode tornar as consequências bem piores do que assumi-lo a tempo, certo? Vou especular: se o piloto do avião que levava a Chapecoense tivesse comunicado a pane seca à torre de controle de Medellín, há grandes chances dos jogadores terem sobrevivido a um pouso de emergência…
