Fernando C Barbi, PMP
desempenho e de seus projetos de forma objetiva. Infelizmente as técnicas empregadas são em geral muito simples e deixam a desejar. É neste ponto que esta obra ganha relevância, dando um tratamento abrangente a uma área de gestão de projeto em que há pouco material. O livro aborda os indicadores tradicionais de controle de custos, prazo e valor do projeto, tais como CPI (cost performance index), SPI (schedule performance index), EV (earned value) e ETC (estimate to complete), e introduz o novo indicador TCPI (to-complete performance index) que surgiu na quarta edição do PMBOK. Ele vai além ao propor três indicadores obtidos a partir de pesquisa entre os stakeholders: o ISP (Indicador de Satisfação do Patrocinador), o IPEC (Indicador de Planejamento e Efetividade da Comunicação) e o IGR (Indicador de Gestão de Risco). Como são indicadores obtidos por pesquisa, há questões técnicas relativas a viés e confiabilidade dos dados, mas que nesta abordagem não foram considerados. A simplificação aqui serve para se desmistificar o tema mas não se sugere no texto que o assunto seja bem mais complexo. De fato há uma linha de pesquisa dentro da Estatística, conhecida como "Sample Survey Theory", que trata dos problemas no tratamento de dados obtidos neste tipo de pesquisa. Teria sido oportuno citar alguma leitura para os interessados em seguir adiante. Tanto a linguagem quanto o conteúdo do livro o fazem acessível aos não especialistas, o autor pensa no seu leitor como um profissional com um problema para resolver, sem entrar em meandros matemáticos. Além disso, ele tem o cuidado de ser generalista e se manter distante dos detalhes técnicos de cada setor: os indicadores sugeridos são genéricos e podem ser aplicados em diversos tipos de projetos e setores de atividade. A generalidade da abordagem poderia ser um problema se o autor não tivesse o cuidado de orientar o leitor na criação de indicadores mais específicos. Por isso, uma atenção especial deve ser dada ao capítulo 7 onde o autor explica como criar indicadores próprios ("customizados") para seus projetos. No item "Condições essenciais para validação de indicadores" o autor trata das três principais características de um bom indicador: independência, verificabilidade e validade. Ele desperta o interesse do leitor mas não menciona algumas técnicas simples de teste estatísticos dos indicadores. Caberia então, pelo menos, indicar uma bibliografia complementar. Além de prover um índice remissivo ao final que faz falta, seria interessante fazer acompanhar o texto de um material complementar com modelos de planilha de cálculo dos indicadores. Isso tornaria um conteúdo que é bem orientado para a prática ainda mais útil. A área de pesquisa de indicadores antecedentes e métodos quantitativos está se desenvolvendo muito rapidamente. Depois deste livro, o leitor pode querer se aprofundar mais na matemática, usando técnicas estatísticas já incorporadas a ferramentas como o MS Excel (1). Dentro do paradigma de que é necessário medir, uma vez que o que não se mede não se controla, este livro é importante para a conscientização e amadurecimento dos processos de monitoração e controle nas organizações que lidam com projetos. O preço torna o livro acessível a diversos públicos. Como o livro é relativamente curto, pode-se lê-lo numa tarde. Vale o investimento. (1) Juan Carlos Lapponi tem um livro nesta linha: "Estatística usando Excel". Mais informações em www.lapponi.com.br. |